Olá gente, estou de volta! Desculpem a ausência demorada, mas finalmente de volta e com muitas novidades. Na verdade são tantas novidades que vou precisar de vários posts para conta-las todas. Mas isso logo se vê.
Bem, estou de volta em dois sentidos. De volta postando aqui no blogue, e de volta ao mundo das etiquetas sociais e boas maneiras, porque se ainda se recordam, havia decidido experimentar viver duas semanas como um grosso pondo de lado todo o tipo de etiqueta social. Vocês devem estar ansiosos por saber como me saí... verdade?
Devo dizer, antes de tudo, que foi bem mais difícil do que imaginava. Como era de esperar não é assim tão fácil abrir mão de hábitos e costumes que se vem praticando a tanto tempo, que se tornaram inerentes em nós e que a gente pratica por reflexo e de forma instintiva. Nos primeiros dias, dava sempre comigo cumprimentando todo o mundo, abrindo a porta para as senhoras e me comportando certinho à mesa. Mas conforme o tempo foi passando fui pouco a pouco tomando conta da situação e entrando em minha nova "personagem".
Em baixo descrevo algumas das situações e experiências que pelas quais passei.
Dia três:
Na estação de comboios. Chega o comboio e toda a gente se aproxima da porta para entrar. Logo depois que a porta se abre, subo imediatamente sem levar em consideração as senhoras e idosos. Posso notar olhares de indignação por parte de alguns dos presentes.
Dia cinco:
Saio para dançar e beber com amigos. Ao chegar estão alguns conhecidos presentes mas finjo não ver ninguém. Alguns mais tarde vêm ter comigo e cumprimentam-me. O resto parece indignado demais. Dirijo-me a algumas mulheres pego a mão e puxo para dançar, em vez de chegar e convidar gentilmente. A maioria dança comigo, mas depois de a musica terminar vão-se logo embora sem trocar uma única palavra. Sou rejeitado por algumas.
Dia seis:
Vou a uma festa no fim de semana. Chego uma hora mais tarde. Chegando de mãos vazias (sem a habitual garrafa de vinho), não peço desculpas pelo meu atraso ao anfitrião. Ao entrar na sala sou apresentado formalmente à todos, mas em vez de ir passando e apertando a mão de todos um por um, simplesmente digo boa noite e aceno de forma discreta. Alguns mostram-se claramente surpresos com o meu comportamento mas eu finjo não notar.
Dia dez:
Vou comer fora e esqueço-me propositadamente de todas a regras de etiqueta. Minha companhia parece não notar meus cotovelos e guarda-napo à mesa. Ao terminar, o garçon pergunta como estava a refeição, eu respondo, "já tive melhores". Ele se desculpa, mas a minha amiga logo diz gentilmente e em tom de desculpa que achou o uma delicia. Pago a conta, mas não deixo gorjeta. Desconfio não ser bem atendido a próxima vez que lá ir.
Dia doze:
Estou sentado em casa de um amigo e sou apresentado a alguém. Dou a mão mas não me levanto. Durante a conversa sou ríspido, frio e quase não faço contacto visual. Pouco a pouco a pessoa começa a agir da mesma forma e logo se afasta. Mais tarde comenta com meu amigo que me achou cínico. Dias depois ao me ver na rua finge que não viu e passa sem cumprimentar.
Dia treze:
Tenho alguns telefonemas e correspondências electrónicas de alguns amigos a dias por responder em vez de responder dentro das habituais 24 horas. Depois de insistir algumas vezes, deixam de ligar. Combino encontrar-me com alguém de noite. Acontece um imprevisto e não ligo a adiar o encontro. No dia seguinte, chateado, ele telefona-me de volta e diz que não terá tempo tão cedo para nos encontrar-mos.
Como puderam notar, foi uma experiência meio arriscada. Algumas das pessoas com quem interagi durante este tempo devem de certeza pensar que sou um caso perdido.
Sendo assim, depois destas duas semanas a minha conclusão é bem clara e o meu ponto de vista continua o mesmo. Não tenho duvidas quanto a importância tanto das boas maneiras como das regras de etiqueta social. Elas são deveras imprescindíveis. Desconfio ter quebrado mais potenciais amizades, nestas duas semanas, do que talvez possa imaginar e pode ser que tenha mesmo manchado a minha imagem e reputação perante algumas pessoas de forma irreversível.
Mas de qualquer forma gostei muito de ter tomado parte desta minha experiência. Não só porque aprendi muito de forma pratica mas porque sinto que entendi a importância destes valores, atributos e qualidades de forma mais clara e profunda, assim como a importância de aprimora-los e aperfeiçoa-los.
Terminada a experiência, devo algumas desculpas e explicações a algumas pessoas e me resta restabelecer algumas relações. Mas por enquanto vou ser ainda um pouquinho grosso e encerrar este post sem me despedir...
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