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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sam Lambert - Irrevogável Fashionista.


Já faz algum tempo que tomei a decisão de aceitar o meu estilo incomum de uma forma mais aberta, consciente e passar a vestir de maneira mais expressiva, sem me importar muito com o que as pessoas fossem pensar ou dizer.
Esta decisão fez-me passar a olhar para moda e estilo de uma forma totalmente diferente da que estava habituado. Passei não só a prestar mais atenção ao que visto mas também naquilo que as outras pessoas vestem e qual a mensagem que, conscientemente ou inconscientemente, deixam passar.

Com o passar do tempo, talvez por não encontrar muita gente com a mesma disposição que a minha no meu quotidiano, virei-me para o mundo virtual, a Internet, onde as possibilidades parecem ser infinitas e tudo aparenta estar a um click de distancia.
Comecei assim por seguir sites como a Esquire, GQ e plataformas como a Tumblr. Novos horizontes se abriram e foi revelador encontrar literalmente milhares de fotos, artigos e videos, mostrando e provando que cada vez mais homens, assim como eu, estavam metendo de lado a "moda" e os padrões sociais vigentes e em lugar disso adoptando um estilo mais pessoal e próprio.

Mas devo dizer que, desde bem cedo, houve um personagem que chamou logo minha atenção por sua originalidade, atitude e personalidade. Embora com um estilo bem diferente do meu, eu admirava ver a maneira tão natural, peculiar e espontânea com que ele se apresentava. Este personagem tem o nome de Sam Lambert e em minha modesta opinião, ele exemplifica o termo "Personal Style" de uma forma como poucos outros o conseguem fazer.



Portanto vocês não imaginam a minha surpresa ao descobrir algum tempo depois que ele, assim como eu, era não só Africano, mas de origem Angolana a viver na Diáspora! Na verdade não foi bem surpresa, antes entusiasmo, porque como todo mundo sabe, Angolanos têm uma inclinação inata para a moda e estética [um pouquinho de chauvinismo não faz mal a ninguém...].
Alguém certa vez me definiu SWAG como "Something We Angolans Got", e devo dizer que Sam Lambert tem Swag pra dar e vender. Por este motivo tomei a liberdade de traduzir em portugues uma de suas entrevistas para o site The sartorialist para que conheçam um pouco mais sobre este invulgar fashionista. Vou logo me desculpando pelos possíveis erros na tradução. 



O que o levou para a sua carreira de design?

Eu nunca pensei que eu iria trabalhar com moda. Tomei meu primeiro emprego como assistente de carpinteiro em Portugal. Eu estava no ramo de eletrônica e por isso decidi me mudar para a Espanha para estudar. Eu amava consertar rádios e coisas assim.

Meu pai era alfaiate, então eu tive meu primeiro terno de encomenda quando tinha a idade de 5 anos. Como outras crianças africanas, esta era uma indumentaria de domingo. Ele me pedia para enfiar uma agulha na máquina, passar-lhe uma tesoura e giz ou ou segurar o tecido, mas tudo que eu queria fazer era jogar futebol!

Como isso o levou até o design?

Eu me apaixonei por peças vintage e passei a altera-las para melhor me servirem. Comprei um livro de padrões de corte, criei algumas coleções e abri minha própria loja na Suécia chamada "Solo y Unico" (espanhol para Um e Único) que eu mantive por 5 anos. Depois fui para Savile Row (em Londres) onde aprendi todas as regras que eu vinha quebrando.
Eu sou atualmente o chefe de Design para Spencer Hart, mas além de isso, eu considero como meu projeto principal o Art Comes First, eu sou metade da equipe criativa.

Foi difícil ganhar a confiança daqueles alfaiates mais tradicionais?

Savile Row é como uma sociedade secreta, eles são muito orgulhosos de sua tradição e velha mentalidade, assim como o pessoal lá de onde eu venho. Eu tenho muito respeito pela história da alfaiataria. Leva tempo para homens tradicionais entender o que vai indo em nossas mentes jovens e perturbados. Meu antigo chefe Ozwald Boateng foi o pavão de Savile Row. Quando entrei para a marca eu adicionei cor e um toque de design incomum para os seus tecidos clássicos, o tecido era familiar para eles, o novo toque já era outra historia. Você tem que aprender primeiro as regras para que você possa depois aprender a quebrá-las.

Você coleciona alguma coisa em particular?

Câmeras fotográficas antigas. Quando viajo, passo sempre pelas feiras e fico louco querendo comprá-las. Eu tenho uma parede coberta de câmaras 35mm, Polaroid, 210 Instax e Super 8. Estudei fotografia antes de moda, eu amo o jeito estilizado que as câmeras antigas são construídas.

Que lojas você visita regularmente?

A minha favorita de sempre é a The Convenience Store no oeste de Londres. Alem disso, tenho um enorme respeito por Dover Street Market por sua inovação, Spencer Hart pela sua sofisticação ao estilo Palm Springs dos anos 1940, e A Boateng Ozwald Flagship  em 30 de Savile Row, onde eu posso encontrar as figuras mais encantadoras.

Qual sua mais recente reveladora experiência de viagem?

Em passado Novembro eu fui a Semana de Moda Africana para servir de estilista da capa da GQ África. Eu não ia de volta a casa faziam uns 20 anos, então foi muito divertido. Acho Soweto muito lindo.

Descobri lá a sub-cultura Smarteez, um grupo de jovens criativos: designers, alfaiates, costureiros, estilistas e fotógrafos. Eles cuidaram de mim. Me apaixonei por aquilo.

Eu acho que quando eu decidir me casar, vou levar minha esposa lá para o nosso casamento; É um lugar espiritual, bem vivo.

Como você aborda vestir todos os dias?

Eu tenho que acordar cedo para ir para o estúdio de design, e tendo a sempre ir para a cama tarde, porque eu sou uma pessoa nocturna. Por isso, preparo minhas roupas na noite anterior, iniciando sempre com os meus sapatos e meu chapéu.

Você se veste de forma diferente ao viajar?

Estar devidamente vestido com uma camisa branca e gravata preta é uma obrigação para mim quando viajo, se eu ter uma aparência de executivo, os agentes de emigração e fronteiras dificilmente me incomodam. Nunca uso roupas casuais, ou me sinto como parte dos corredores africanos de maratonas.

É se sente melhor quando veste...

Meu primeiro fato feito à medida, um terno cinza-escuro Super 130 SB2  feito na nossa fábrica em Portugal. Cabe-me tão bem, clássico, não muito berrante, não muito da moda apenas super elegante e actual. É o que eu imagino Miles Davis vestindo em 1965, quando ele costumava tocar com Wayne Shorter.

Peculiaridades de seu estilo pessoal?

Eu uso sempre um chapéu com toda e qualquer vestimenta, e eu uso barba e bigode faz muito tempo; quando eu tinha meu próprio negócio, eu não fazia a barba até terminar a colecção em que eu estava trabalhando. Isso dava-me foco enquanto trabalhava. Ultimamente eu tenho usando gravatas clube vintage, eu acho-as ao mesmo tempo elegantes e dignificantes.

O conselho mais memorável que seus pais lhe deram...?

Toda vez que vou visitá-los na Bélgica têm mais conselhos, mas a frase que eu sempre tenho em mente é a de "sempre ser honesto e trabalhar duro, no final você vai conseguir o que você merece".

Posse de maior valor?

Antigas fotografias de família. Eu sou um cigano negro; eu saí de casa muito jovem para imigrar, mas trouxe estes fotos comigo em todos lugares por onde passei. Essas fotos me fazem sentir feliz e em casa onde quer que eu esteja, meus irmãos, meus tios muito gentis, minha mãe muito bonita, com seu sorriso maravilhoso.

O que você considera ser o seu primeiro de compra 'de adulto'?

Eu comprei uma pulseira de prata mexicana por £ 100, quando me mudei para Londres em 1996, e não altura não tinha muito dinheiro. Eu queria usar algo de valor que de certa forma traduzisse-se no seguinte: "Eu sou um homem adulto agora." Meu estilo evoluiu, mas a pulseira permaneceu, até que eu a perdi em Florença. Meu melhor amigo e eu decidimos ir para o México e fazer uma coleção de prata em homenagem a minha primeira compra adulta.

Você tenta economizar com...?

Tarifa de transporte público. Eu ando muito de bicicleta, o que me mantém em forma enquanto economizo dinheiro e gero menos poluição, especialmente em Londres.

Deriva energia de que tipo de musica?

Eu sempre fui um grande fã de jazz e blues (particularmente Robert Johnson e Otis Spann), mas recentemente o meu cérebro se dividiu em duas: metade é calmo e clássico com música Cab Calloway, e o outro é rápido com a música Kuduro. Kuduro originou-se no meu país (Angola), jovens por todo o lado o estão tornando mais alternativo-Buraka Som Sistema, por exemplo.

Atualmente lendo?

Doze bar blues por Patrick Neate que é cheio de histórias africanas inspiradoras. Também "Las Confesiones de un Pequeno Filosofo", de José Maria Martinez Cachero, que é uma autobiografia muito bem escrita.

Os estilos de quem o influenciaram?

Meus irmãos. Meu irmão costumava usar jaquetas de couro vintage da marca Members Only com Plimsolls e óculos Wayfarers. Uma de minhas irmãs costumava usar camisas brancas super largas com boinas pretas, enquanto a outra usava vestidos jeans pré-lavados com cabelo pintados. Eu sempre achei eles super na moda.

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